quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Meu gato meu dono

Dias atrás fui marcado num post em que me remedia a um blog que indicava: “23 sinais de que na verdade seu gato é seu dono”. Certamente, avancei. Li e me diverti. Ri a cada sinal. Às vezes, não é compreensível a quem não possui um gato o real significado de se ter um. Muitos não vêem amor de um gato com seu dono, mas nós vemos; quem não vê ali sinais sinceros de lealdade, nós vemos; quem não observa uma demonstração de carinho ou afeto, nós vemos. Quem possui um gato observa sutilezas que quem não o possui, ou não gosta, jamais poderia observar/compreender. Ele pode ser de raça ou não. Mas ele é um fiel companheiro. Seja quando o acorda, ou seja, quando o convida para dormir na sua própria cama. É assim que, pouco a pouco, o seu gato se torna o seu dono... você  vive em função dele. Pensa em alimentá-lo, em banhá-lo, pensa em seu bem estar. Nada é mais cativante do que chegar em casa e encontrar seu gato por lá, fingindo que te ignora, mas é engraçado, porque alguns, como o nosso, lá sempre estava. Ao se alimentar, exigia um ritual interessante: seus donos deveriam ficar ali com ele, contemplando-o. Se saíssemos, ele viria atrás, chamaria nossa atenção, e até lançava mordidinhas em nossas pernas: era um aviso! “Volte e espere eu terminar minha refeição”. Depois das pescarias, ele quem impunha o outro ritual: aguardava que sua mãe limpasse os peixes e separe, a ele, seus filés prediletos. Depois de um tempo, por incrível que pareça, a gente pode até achar que o gato é um safado, mas mesmo assim, ele é seu, ou você é dele. Isso já não importa, porque estar com ele, não é obrigação, mas a aplicação de pequenas doses diárias de prazer. O prazer do encontro, o prazer do afago, o prazer do arranhado quando provocado, o prazer de saber que você está ligado a ele, mais do que gostaria e sem perceber. E quando ele se vai, fica uma dor estranha, um certo desconforto, um sentimento de vazio. No meu caso, que estou longe, pode até ser mais fácil do que para meus pais, que ali estavam com ele em tempo integral. Porém, nada que nos obrigue a viver um luto imensurável, com constantes postagens de sofrimento, tornando sua timeline num verdadeiro muro das lamentações. Mas ao perdermos o “Amarelinho” no dia de hoje, vítima de uma doença crônica em seus rins, fica a necessidade de compartilhar esse sentimento estranho com meus amigos. Para quem nos conheceu, ou conviveu conosco, sabem que ele era um membro da família. Um pequeno que se foi, que nos enchia de orgulho com suas presepadas, que nos preocupava, mas que acima de tudo, que nos proporcionava momentos de extrema felicidade... se éramos um prisioneiro de nosso gato, hoje, com sua morte, não nos sentimos mais livres, apenas com um sentimento de certeza: com o tempo, a saudade aumentará.


Texto de : Rafael Lamera Cabral



Saudades
Mimo
Ritual do peixe
Nosso xodó!!!